De sol a sol com as Braud pelas vinhas do Oeste e Alentejo
São sete horas quando o Sol se espreguiça, clareando as planuras de Évora, dir-se-ia que da mesma cama alaranjada em que se deitara, num crepúsculo ainda tépido. E há um ronronar contínuo que aumenta de intensidade, que só minimamente inquieta semelhante quadro, tão raros nestes dias são os momentos de partilha com a natureza. Na mesma medida, dois pontos brilhantes se vão aproximando. Os primeiros raios no horizonte revelam-nos um e outro, que afinal fazem parte de um só todo, parecendo uma ave pernalta, eloquente, que se destaca sobre as filas das videiras. É a New Holland Braud VL 610, máquina de vindimar que estava a operar desde a madrugada na Herdade da Fonte Coberta, propriedade de 250 hectares que produz, transforma e engarrafa o vinho para o grupo vitivinícola Santos & Santos, sediado em Ponte do Rol, Torres Vedras. Recentemente adquirida à Auto Agrícola Sobralense por aquela sociedade, é uma de muitas com que nos cruzámos na jornada de vindima, de sol a sol, do Alentejo ao Oeste.
Assim se trabalha em época de campanha, no Alentejo, onde se vindima, transporta e se dá início ao processo de vinificação, como acontece na Herdade da Fonte Coberta, mas também pelas acidentadas orografias dos concelhos de Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço e de Alenquer, em chapadas, entre encostas sucessivas, entrecortadas por velas de moinhos que nos fazem recuar ao tempo dos moleiros e da produção de trigo. De há muito que as honras aqui são feitas à produção de vinho. Em 2018, estes concelhos repartiram as mordomias da Cidade Europeia do Vinho. 
 


 
 
Cada encosta, cada máquina
É a Auto Agrícola Sobralense a fornecedora por excelência da esmagadora maioria das máquinas de vindimar que otimizam o trabalho do homem por aquelas e outras terras, mesmo as de Viseu, onde tem filial. 
Encontramos o empresário João Francisco Santos nas modernas instalações da casa fundada em 1977 pelos seus pai e tio, Abílio e Armando dos Santos, em Ponte do Rol, Torres Vedras. É ele que preside ao conselho de administração da Santos&Santos, acompanhado pelas duas irmãs e os dois primos.
É um homem de meia idade que se entusiasma quando o assunto é a terra que gera o vinho de qualidade e as máquinas que o ajudam a produzir. Mas também se enternece quando o tema são os moinhos. Ao fim e ao cabo, as origens familiares: “É da terra que viemos, pois o meu pai e tio eram moleiros. E sou um amante das máquinas, dos bons vinhos que produzimos, e dos moinhos. Aos 11 anos de idade já trabalhava com tratores agrícolas e já me desenrascava muito bem. Não esqueço o passado, as origens e gastámos mesmo bom dinheiro com a recuperação do moinho em Ribeira de Pedrulhos, que é uma verdadeira obra de arte. É um símbolo nosso. Há pouco fez-se um passeio de tratores pela Rota dos Moinhos. Oferecemos um pequeno almoço ao pessoal e todos lá pararam. Foi um espetáculo.”
 
 
Amizade pessoal e comercial
As máquinas, já o sabemos, sempre foram outra das paixões do empresário, sejam as da New Holland, seja mesmo a relação com a Auto Agrícola Sobralense. “É uma relação comercial tão boa quanto sólida, mas também um pouco pessoal. Somos amigos da família Auto Agrícola há muitos anos. Tinha uma grande e estreita relação de amizade com o Francisco [Penedo]. Agora, trato das coisas com o João Penedo e, até à data, as coisas têm corrido muito bem. Equipamento adquirido à Auto Agrícola devem ser já uns 15 tratores New Holland e uma máquina de vindimar”, diz João Francisco Santos, que diz nem saber bem qual o primeiro pólo de atração. Isto é, quem atraiu quem, se o produtor, se o comerciante: “A verdade é que correu tudo muito bem com o primeiro negócio que realizámos, com o primeiro trator New Holland. Depois foi uma sucessão de compras, e a AutoAgrícola Sobralense nunca deixou de ser o nosso fornecedor de eleição no que se refere aos tratores de que necessitamos.”
 
 
Máquina não é camisa
Em plena azáfama de colheita, ninguém quer pensar em avarias. A verdade é que nada tem faltado, sempre que necessário, como assistência técnica. “Pura e simplesmente, as máquinas não ficam paradas”, atalha o empresário, que se diz, até, algo conservador com a maquinaria - “estimamos muito o que temos” -, mas que a Sobralense é pródiga em “fiscalizar de perto” o estado do equipamento que vendeu e, como tal, de aconselhar a sua troca quando é de todo conveniente: “Uma máquina não é uma camisa, não se troca porque já a usámos uma vez, mas sempre que é necessário procedemos à sua substituição, naturalmente, quer seja pelo muito uso que lhe damos, ou porque é preferível utilizar uma evolução daquele modelo. Quem diz máquinas, diz alfaias e outros equipamentos. Estamos sempre a fazê-lo.”
Sobre a máquina de vindimar Braud que está nos ativos da Herdade da Fonte Coberta, João 
Francisco não se poupou a encómios: “É tão imponente quanto moderna essa New Holland, e está a desempenhar um excelente trabalho. Quando hoje trepo a uma cabine de um trator ele já nada tem a ver do que me lembro dos meus tempos de criança. Mesmo os tratores que têm apenas dez anos já não têm comparação com os daqueles tempos. A tecnologia tem sofrido uma evolução muito grande, e assim continuará a ser.”
 
Colheita boa, mas pouco peso
Ao observar o trabalho das Braud, no Alentejo, ou por Torres Vedras, nota-se eficácia e limpeza no serviço, quer pelo engaço limpo, quer pelas ínfimas perdas verificadas, graças aos cuidados godés do sistema Noria. Já o calibre da colheita tem gerado algumas queixas da maioria dos viticultores, não pela qualidade do serviço, mas pelo peso do cacho: há muita uva, mas tem pouco líquido, diz-se à boca cheia, um pouco por todo o lado.
João Francisco Santos dá razão às lamúrias alheias: “Têm razão quando o dizem e nós estamos sob o mesmo telhado, com produção mais baixa. Algumas das nossas parcelas sofrem desse mesmo problema. Outras estão perto da normalidade, pois são terras de várzeas, têm mais humidade e têm menos perda de fruto. No Alentejo, a perda é menor, pois temos rega gota-a-gota e fomos conseguindo controlar. Nada comparável com a colheita do ano passado, que sofreu um grande escaldão.”
Sem formação específica na matéria, mas apelando à voz da experiência e do senso-comum, avalia que o problema deve-se a anos consecutivos de seca. Os terrenos perderam muita humidade e com alguns dias quentes recentes a uva começou a secar e a perder líquido.
Primeiro moleiros, depois vitivinicultores, os fundadores da Santos&Santos mantiveram o moinho, que foi recentemente reconstruído. “Estavam sempre à espera que viesse vento para moer o trigo e fazer farinha. As pessoas iam lá e trocavam o trigo – chamava-se a maquia – e depois levavam a farinha. Tanto esperavam pelo vento que acabaram por mudar de vida. Mas eram conhecidos na região de Torres Vedras. Tanto que acabámos por fazer uma marca chamada de Moleiros, por sinal a nossa marca mais antiga”, disse João Francisco Santos, orgulhoso por manter a tradição.
 
 
 
Santos & Santos ao raios-X
A Santos&Santos foi constituída em 1977, por Abílio dos Santos e Armando dos Santos, pai e tio de João Francisco Santos. O tio dedicava-se à parte da vinha e do campo, e na gestão do pessoal. Eram vinhas pequenas, com dois ou três hectares de terreno. Já o pai tratava da parte da adega e comercializava o vinho. Em 1984 adquiriram a Quinta da Cidadoura, empresa com 70 hectares de vinha, com adega própria, cabendo à Santos&Santos comercializar os seus vinhos. 
Numa nova fase da sociedade, em 2001 foi adquirida a Herdade da Fonte Coberta, em Évora, com 250 hectares de vinha. Tem uma filosofia própria, pois não só produz, como transforma, embala, engarrafa e vende à Santos&Santos para esta a comercializar no mercado.
Esta tem novas instalações desde 2014, investimento de 5,5 milhões de euros. É constituída, atualmente, por cinco sócios: João Francisco Santos preside ao conselho de administração, compondo ainda o orgão as suas duas irmãs e dois primos.
O grupo detém aproximadamente 450 ha de vinha, entre Alentejo e Oeste. Com uma faturação anual na ordem dos 14 milhões de euros, o mercado externo contribui com 30 por cento, sendo as principais ordens de compra provenientes da China, Brasil, Guiné-Bissau, Camarões e Suíça, ainda que os vinhos sejam expedidos para outros 20 países. Como referência vínicas, destacam-se seis do Alentejo, e outras 15 da região de Lisboa. O Quinta da Cidadoura Seleção Reserva está entre os prediletos de João Francisco Santos: “Aconselho toda a gente a experimentar, também, o Bolota Dourada, ou o Herdade da Fonte Coberta Reserva, ambos monocastas, vinhos excelentes.”

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