Reportagens no campo com clientes
De sol a sol com as Braud pelas vinhas do Oeste e Alentejo
(Artigo puplicado na revista nº2 da AAS, Nov. 2019)

São sete horas quando o Sol se espreguiça, clareando as planuras de Évora, dir-se-ia que da mesma cama alaranjada em que se deitara, num crepúsculo ainda tépido. E há um ronronar contínuo que aumenta de intensidade, que só minimamente inquieta semelhante quadro, tão raros nestes dias são os momentos de partilha com a natureza. Na mesma medida, dois pontos brilhantes se vão aproximando. Os primeiros raios no horizonte revelam-nos um e outro, que afinal fazem parte de um só todo, parecendo uma ave pernalta, eloquente, que se destaca sobre as filas das videiras. É a New Holland Braud VL 610, máquina de vindimar que estava a operar desde a madrugada na Herdade da Fonte Coberta, propriedade de 250 hectares que produz, transforma e engarrafa o vinho para o grupo vitivinícola Santos & Santos, sediado em Ponte do Rol, Torres Vedras. Recentemente adquirida à Auto Agrícola Sobralense por aquela sociedade, é uma de muitas com que nos cruzámos na jornada de vindima, de sol a sol, do Alentejo ao Oeste.
Assim se trabalha em época de campanha, no Alentejo, onde se vindima, transporta e se dá início ao processo de vinificação, como acontece na Herdade da Fonte Coberta, mas também pelas acidentadas orografias dos concelhos de Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço e de Alenquer, em chapadas, entre encostas sucessivas, entrecortadas por velas de moinhos que nos fazem recuar ao tempo dos moleiros e da produção de trigo. De há muito que as honras aqui são feitas à produção de vinho. Em 2018, estes concelhos repartiram as mordomias da Cidade Europeia do Vinho. 
 
 
Cada encosta, cada máquina
É a Auto Agrícola Sobralense a fornecedora por excelência da esmagadora maioria das máquinas de vindimar que otimizam o trabalho do homem por aquelas e outras terras, mesmo as de Viseu, onde tem filial. 
Encontramos o empresário João Francisco Santos nas modernas instalações da casa fundada em 1977 pelos seus pai e tio, Abílio e Armando dos Santos, em Ponte do Rol, Torres Vedras. É ele que preside ao conselho de administração da Santos&Santos, acompanhado pelas duas irmãs e os dois primos.
É um homem de meia idade que se entusiasma quando o assunto é a terra que gera o vinho de qualidade e as máquinas que o ajudam a produzir. Mas também se enternece quando o tema são os moinhos. Ao fim e ao cabo, as origens familiares: “É da terra que viemos, pois o meu pai e tio eram moleiros. E sou um amante das máquinas, dos bons vinhos que produzimos, e dos moinhos. Aos 11 anos de idade já trabalhava com tratores agrícolas e já me desenrascava muito bem. Não esqueço o passado, as origens e gastámos mesmo bom dinheiro com a recuperação do moinho em Ribeira de Pedrulhos, que é uma verdadeira obra de arte. É um símbolo nosso. Há pouco fez-se um passeio de tratores pela Rota dos Moinhos. Oferecemos um pequeno almoço ao pessoal e todos lá pararam. Foi um espetáculo.”
 
 
Amizade pessoal e comercial
As máquinas, já o sabemos, sempre foram outra das paixões do empresário, sejam as da New Holland, seja mesmo a relação com a Auto Agrícola Sobralense. “É uma relação comercial tão boa quanto sólida, mas também um pouco pessoal. Somos amigos da família Auto Agrícola há muitos anos. Tinha uma grande e estreita relação de amizade com o Francisco [Penedo]. Agora, trato das coisas com o João Penedo e, até à data, as coisas têm corrido muito bem. Equipamento adquirido à Auto Agrícola devem ser já uns 15 tratores New Holland e uma máquina de vindimar”, diz João Francisco Santos, que diz nem saber bem qual o primeiro pólo de atração. Isto é, quem atraiu quem, se o produtor, se o comerciante: “A verdade é que correu tudo muito bem com o primeiro negócio que realizámos, com o primeiro trator New Holland. Depois foi uma sucessão de compras, e a AutoAgrícola Sobralense nunca deixou de ser o nosso fornecedor de eleição no que se refere aos tratores de que necessitamos.”
 

leg. João Francisco santos
 
 
Máquina não é camisa
Em plena azáfama de colheita, ninguém quer pensar em avarias. A verdade é que nada tem faltado, sempre que necessário, como assistência técnica. “Pura e simplesmente, as máquinas não ficam paradas”, atalha o empresário, que se diz, até, algo conservador com a maquinaria - “estimamos muito o que temos” -, mas que a Sobralense é pródiga em “fiscalizar de perto” o estado do equipamento que vendeu e, como tal, de aconselhar a sua troca quando é de todo conveniente: “Uma máquina não é uma camisa, não se troca porque já a usámos uma vez, mas sempre que é necessário procedemos à sua substituição, naturalmente, quer seja pelo muito uso que lhe damos, ou porque é preferível utilizar uma evolução daquele modelo. Quem diz máquinas, diz alfaias e outros equipamentos. Estamos sempre a fazê-lo.”
Sobre a máquina de vindimar Braud que está nos ativos da Herdade da Fonte Coberta, João Francisco não se poupou a encómios: “É tão imponente quanto moderna essa New Holland, e está a desempenhar um excelente trabalho. Quando hoje trepo a uma cabine de um trator ele já nada tem a ver do que me lembro dos meus tempos de criança. Mesmo os tratores que têm apenas dez anos já não têm comparação com os daqueles tempos. A tecnologia tem sofrido uma evolução muito grande, e assim continuará a ser.”
 

 

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Vinho de Alenquer para os cinco continentes

(Artigo puplicado na revista nº1 da AAS, maio 2019)

 

Alenquer é o centro das operações da Casa Santos Lima. A quinta da Boavista, concretamente, na genuína Aldeia Galega da Merceana, rodeada por encostas cobertas de vinhedos, mais suaves que as de Montejunto, que por perto impera, soberano e protetor, que a abriga da nortada. Em pouco mais de 20 anos, desde que reformulou as vinhas plantadas pelo seu bisavô, José Luís Santos Lima, que deixou a banca para se dedicar ao negócio da família, dignificou os vinhos da Região de Lisboa, fê-los conquistar inúmeros prémios e exporta 90% da produção para mais de 50 países em cinco continentes. Este ano, a sua casa já produziu o equivalente a 20 milhões de garrafas.

"Digo o equivalente, pois uma parte é comercializado em bag-in-box, para os países escandinavos, mas também para os EUA e extremo Oriente", explica Santos Lima, na sala 'cénica' do núcleo habitável da quinta, que mescla o edificado original com o contemporâneo. A Boavista foi o ponto de partida da atividade da Casa Santos Lima e que lhe permitiu alargar a atividade a outras regiões, do Algarve, dos vinhos verdes, Alentejo e Douro, em terrenos alugados, ou por parcerias. Em absoluto, com as casas da Boavista e a Quinta do Conde, também em Alenquer, tem perto de 500 hectares. Os EUA é o principal mercado da casa. Segue-se a Suécia e o Reino Unido. Para ali seguiu, em 1996, após a colheita de 95, a primeira exportação.

Agora, a China já entrou para o top-5 das vendas. "Não foi uma opção, foi acontecendo. Aproveitámos bem o facto de não haver tantos vinhos portugueses como os há hoje nos mercados externos. Havia tanto desconhecimento quanto curiosidade pelo que começámos a produzir vinhos frutados, fáceis de beber. Fomos sendo bem acolhidos, com boa imprensa, com destaques e alguns prémios conquistados. Isso suportou a marca da casa e a própria imagem dos vinhos portugueses", historiou Santos Lima. 

leg: José Luís Santos Lima tem já uma longa relação com a Sobralense e celebrou com João Penedo mais um passo para o reequipamento da Quinta da Boavista


Sinais de consistência
E concede que tais conquistas mudaram a face aos Vinhos de Lisboa: "Temos mostrado consistência, concurso após concurso. É um selo de garantia de qualidade, sobretudo para os mercados que conhecem menos bem o vinho e que se sentem mais confortados quando se sentem apoiados num prémio ou por um rating atribuído por uma revista americana." Mas alerta para o desafio da qualidade: "Temos a obrigação de continuar a supreender, com novos tipos de produtos e caraterísticas, mais frutados, ou com mais estágio em madeira e mais estrutura.

A Casa Santos Lima tem para cima de 200 referências vínicas, com castas maioritariamente nacionais, mas sem pruridos em utilizar as estrangeiras - "dão-se bem na região, designadamente na área dos tintos, casos da Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Alicante Buschet, e ainda as Sauvignon Blanc e Chardonnay." Mas a produtora não se diz inebriada com tais galardões: "Obviamente que ter o troféu de melhor vinho é interessante e a linha de atuação que temos seguido tem sido a mais correta. Há vinhos muitos bons que não têm esse tipo de prémios. Simplesmente, nem sempre concorrem."
Tamanha demanda por estes vinhos requer meios, mais uvas, mais vinho.

Terreno existe, mas as licenças são entrave." Tal demanda está a chegar da China. José Luís Santos Lima explica que há obstáculos: Na última feira que estivemos, a Prowine, em Dusseldorf, tivemos o maior pavilhão de sempre, com visitas de importadores de todo o mundo. De momento, estamos na China e é rara a semana que não estamos a viajar por todo o mundo. Os chineses já importam muito, mas não podemos plantar tudo o que queremos. A UE condiciona a plantação, pois permite apenas plantar, todos os anos, o equivalente a 1% da superfície vitícola nacional, que é de 1900 ha, o que é pouco face à vontade do setor para plantar. E é pouco porque 1% não chega sequer para repor a mortalidade natural das plantas. E também é pouco porque alguns dos critérios de atribuição dessas licenças dão excessivo peso aos jovens agricultores e associações de produtores, que nem sempre utilizam os direitos que lhes são concedidos, impedindo que, globalmente, o país cresça. Este ano estamos a acabar de plantar nos vinhos verdes e no Douro, mas sobretudo aqui, em Alenquer, perto de 500 hectares, o que é um esforço bastante grande."

Homens e mulheres acabam a faina e vão regressando ao centro da quinta. Regressam, também, os pulverizadores, mantém-se a preparar o solo um T7.260 com grade e rolo. Fora do espaço, um velho Fiat 604 de lagartas despedregava o solo para preparar nova plantação. Uma marca precursora que deu origem ao aglomerado da New Holland, como são todos os outros tratores da casa, frutos da longa relação com a Auto Agrícola Sobralense. São 14 ao todo, só na Quinta da Boavista. 

O mais recente é um T4 N, com 100cv. Há duas máquinas de vindimar e depois uma panóplia de alfaias, também fornecidas pela casa de Sobral de Monte Agraço: trituradores, escarificadores, chísel, podadoras, despampanadeiras, levantadoras de sebe, intercepas, mobilizadoras de linha.

Com uma particularidade: o parque de máquinas não está a ser renovado, mas tão-só aumentado. E a prova disso mesmo é que, após o encontro com abolsamia, José Luís Santos Lima haveria de finalizar com a Sobralense novas aquisições - dois tratores New Holland T4 100N cabinados, dois trituradores TMC Cancela, dois pulverizadores pneumáticos Stagric, duas grades rápidas Agromet e uma cisterna de 5000 litros Herculano.

 

 

 

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